As casas de Goethe

Agora que retomei as aulas de alemão, não deixo de lembrar uma recente visita à Casa de Goethe, em Roma. Eu andava pela via del Corso, voltando da Piazza del Popolo, quando percebi a tentação do anúncio: “o único museu alemão em Itália” etc. Ainda pensei em não entrar (vinha tão cansada!), sob o argumento íntimo de que afinal já tinha conhecido a Goethehaus em Frankfurt – mas felizmente escutei o deus que protege os turistas insaciáveis, e ele me dizia: “Pode ter alguma coisa nova e interessante. Vai!”

Foi como se me rasgassem uma cortina de rótulos, por trás da qual eu enxergava o autor de Werther. Conheci um Goethe boêmio, aventureiro e insaciável por arte (inclusive – ou principalmente? – a pintura), um Goethe que teve aulas de desenho e elaborou sua teoria das cores – da qual eu já tinha ouvido falar, mas que nunca me impactou muito: eu precisava ver os seus estudos minuciosos, como nessa paleta de combinações que ele elaborou, ou como nos seus exercícios plásticos, impressionantemente modernos:

Demonstrativo da Teoria da Cor, de Goethe

Demonstrativo da Teoria da Cor, de Goethe

Acima: "Symolische Annahërung zum Magneten" (1798). Abaixo: "Brustbild eines Mädchens in umgekehrten Farben" (1808)

Acima: “Symbolische Annahërung zum Magneten” (1798). Abaixo: “Brustbild eines Mädchens in umgekehrten Farben” (1808)

Além de tudo isso, também adorei contemplar a paisagem da janela em que o próprio autor foi retratado, na imagem de Tischbein feita em 1797. Um ano antes, esse artista – que aliás foi colega de apartamento de Goethe – tinha pintado o célebre Goethe in der römischen Campagna. A curiosidade (para a qual o museu alerta) fica por conta da desproporção nas pernas do personagem e da presença de dois pés esquerdos em seu corpo!

Por fim, a visita ainda vale muito pelos livros expostos, primeiras edições emocionantes, de obras que mostram o quanto o escritor se entregou à pesquisa e à vida na Itália. Dá vontade de ler tudo, e ainda mais o Diário de Goethe, é claro!

primeira edição

Um pensamento sobre “As casas de Goethe

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