“Uma de suas estátuas num quarto, e o quarto vira um templo”

O título desta postagem vem de um texto maravilhoso do Jean Genet que estou a ler, O ateliê de Giacometti. É um privilégio encontrar uma obra assim, em que dois artistas apresentam o que têm de melhor – do escultor, encontro novas obras em fotografias de Ernst Scheidegger (e aproveito para lembrar a sensação de ver suas silhuetas longilíneas e tão misteriosas – a primeira vez, foi na Cidade do México; a segunda, em Paris); do autor, recolho passagens de reflexão como esta, que cito abaixo, com total concordância:

“Não compreendo bem o que em arte se chama um inovador. Uma obra deveria ser compreendida pelas gerações futuras? Mas por quê? E o que isso significaria? Que elas poderiam utilizá-la? Para quê? Não entendo. Mas entendo bem melhor – ainda que muito obscuramente – que toda obra de arte que queira alcançar as mais grandiosas proporções deve, com uma paciência e uma aplicação infinitas desde os momentos de sua elaboração, descer aos milênios, juntar-se, se possível, à noite imemorial povoada de mortos que irão se reconhecer nessa obra.” (Cosac Naify, p.15)