Raridades

Nos últimos dois meses, raridades chegaram até mim – mas não por serem inacessíveis e distantes; ao contrário, estão felizmente próximas e cheias de afeto. São raras por sua qualidade, por um quesito de beleza inquestionável. Ser arrebatada por essas experiências é algo ao mesmo tempo tão surpreendente e imprescindível que não sei o que faria neste mundo sem elas. Cada vez mais o estado de encantamento me parece a saúde possível, a alternativa única. Então, entre abril e maio, tive a sorte de me encontrar com estas obras e seus brilhantes autores:
O cd Futuro e Memória, de Dalwton Moura e Rogério Franco, reunindo tantos artistas ótimos e com uma produção impecável, fotos do Luiz Alves, um primor!
O livro Perecível, do Felipe Camilo, com textos e fotos que têm o poder de impor um ritmo específico à leitura e manuseio. É preciso parar, folhear, ver – sentir e respirar.
show da Kátia Freitas no Cineteatro São Luís, que me fez lembrar como, doze anos atrás, eu punha “Coca-colas e iguarias” no máximo volume, várias vezes por dia, querendo romper a solidão de um velho apartamento onde dava os primeiros passos para a vida que sonhava ter – e hoje tenho.
As exposições do Sérvulo e em sua homenagem, no Dragão do Mar e no Museu da Indústria – e os presentes da querida Dodora Guimarães: os catálogos das Obras Públicas do Sérvulo e da expo Linha, a Luz, O Crato, ambos com fotografias de Gentil Barreira, tão perfeitos.
show dos Argonautas com a Mônica Salmaso, que foi uma coisa divina, na exata medida de tanto talento. E depois, fico horas repassando as canções do cd Jangada Azul, com ênfase nas faixas “Mareia”, “Ilação”, “Aqui nesta ilha” (sobre belíssimo texto de Joice Nunes) e “Plantaria” (a partir de poema de Alan Mendonça).
Quando me lembro de cada um desses privilégios, não tenho qualquer dúvida. Sou absolutamente feliz.

Blues de Caetano

Tem muito azul em torno dele
Azul no céu azul no mar
Azul no sangue à flor da pele
Os pés de lótus de Krishna

Tem muito azul em torno dela
Azul no céu azul no mar
Azul no sangue à flor da pele
As mãos de rosa de Iemanjá

Os pés da Índia e a mão da África
Os pés no céu e a mão no mar

20160929_160144-1

Perotá Chingó

Aquela música que eu dancei – mas então não tinha reparado na letra.

La Complicidad

Soy el verbo que da acción a una buena conversación
Y cuando tu me nombras siente ganas
Soy la nueva alternativa contra contaminación
Y tu eres la energía que me carga
Soy una arboleda que da sombra a tu casa
Un viento suave que te soba la cara
De to’os tus sueños, negra, soy la manifestación
Tu eres esa libertad soñada
Soy la serenidad que lleva a la meditación
Y tu eres ese tan sagrado mantra
Soy ese juguito e’ parcha que te baja la presión
Y siempre que te sube tu me llamas, ya
Tira la sábana, sal de la cama
Vamos a conquistar toda la casa
De todo lo que tu acostumbras soy contradición
Creo que eso es lo que a ti te llama

La complicidad es tanta
Que nuestras vibraciones se complementan
Lo que tienes me hace falta
Y lo que tengo te hace ser más completa
La afinidad es tanta
Miro a tus ojos y ya se lo que piensas
Te quiero porque eres tantas cositas bellas
Que me haces creer que soy

Soy
La levadura que te hace crecer el corazón
Y tu la vitamina que me hace falta
Soy ese rocío que se posa en tu vegetación
Y tu esa tierra fértil que esta escasa
Soy la blanca arena que alfombra tu playa
Todo el follaje que da vida a tu mapa
De toda idea creativa soy la gestación
Tu eres la utopía liberada

La complicidad es tanta que nuestras vibraciones se complementan
Lo que tienes me hace falta y lo que tengo te hace ser mas completa
La afinidad es tanta
Miro a tus ojos y ya se lo que piensas
Te quiero porque eres tantas cositas bellas
Que me hacen sentir muy bien

Poza czasem

Uma boa maneira de terminar o primeiro dia do ano: conhecendo a música polonesa contemporânea através de Dorota Miśkiewicz e sua “Poza czasem”. O refrão é viciante – além de promover uma identificação:

Razem ze mną nie śpiesz się.
Nie ma po co, nie ma gdzie.
Nie musimy robić nic.
Czasem wolno tylko być.

Ouça a música e veja o clipe aqui.

Vem aí

Amigos,
Está para sair a nova antologia de ensaios sobre Chico Buarque organizada por Rinaldo de Fernandes, e eu tenho o prazer de participar deste belo projeto com um estudo sobre a canção “A Rita”. O lançamento nacional está previsto para o próximo sábado, na 9a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco – mas adiante haverá também lançamentos em outras capitais, inclusive em Fortaleza.
O livro já se encontra em pré-venda neste site.

Capa Chico_v05 (1)